Testemunhos de Assistentes Comenius


Catarina Soares
Grécia, 2009/2010

Eu realizei um período de assistência, de oito meses, no passado ano lectivo, no norte da Grécia. Estive a trabalhar numa escola primária que pertencia à pequena cidade de Katerini, a cerca de 60 km de Salónica. Aí, exercia funções de professor de inglês assistente, mas a minha função era, primordialmente a de apoiar os alunos com mais dificuldades de aprendizagem. Apesar das dificuldades de comunicação iniciais com as crianças, foi uma experiência fantástica e uma aprendizagem que muito me enriqueceu a todos os níveis.

 

A Grécia é um país incrível, riquíssimo culturalmente, respira-se história e cultura por todo o lado, é ainda riquíssimo gastronomicamente e oferece-nos lugares belíssimos para visitar. Tive o privilégio de ter viajado de norte a sul e é incrível a variedade paisagística que lá se pode encontrar. Tive ainda a oportunidade de frequentar, uma vez por semana, aulas de dança grega tradicional e de ter aulas de língua grega.

 

Foi uma experiência incrível que me deixa muitas saudades!

 


Catarina Soveral (Filosofia)

Espanha, 2009/2010

 

Posso afirmar sem qualquer relutância que o meu período de assistência superou qualquer expectativa já de si elevada que tivesse. A nível profissional revelou-se uma experiência extremamente interessante, diversa e profícua, que seguramente me possibilitará desempenhar com muito maior segurança um futuro trabalho.

 

Ensinar foi indubitavelmente uma das experiências mais complexas e interessantes que tive. Poder lidar todos os dias com seres humanos na procura de lhes transmitir não só conteúdos mas também uma orientação moral e cívica que os possa acompanhar no seu futuro e na sua formação como pessoas, constitui uma enorme responsabilidade, que para nós jovens estimula a ocupação de um novo papel na sociedade.

 

A nível pessoal, considero que tive numa escola, que poderia perfeitamente ser a escola modelo de uma protótipo europeu que se quer de humanismo, pacifismo e tolerância e como professa destes ideais, foi um prazer extraordinariamente grande poder participar conscientemente de um projecto que me faz acreditar num futuro melhor para o ensino e para o mundo.

 

Gostaria de referir que considero fundamental a existência deste tipo de projectos, que numa conjectura económica complicada, me parece uma excelente e efectiva oportunidade para a extensão de horizontes profissionais e culturais, bem como um encurtamento das distâncias entre os diversos países da Europa.

 

Foi a melhor experiencia pessoal e profissional que poderia ter tido e só posso sentir-me grata à União Europeia pela prática de medidas educativas tanto úteis como fundamentais no processo formativo dos jovens europeus. A minha sugestão é que continuem com mais e bons projectos!


 

 

Sílvia Pinheiro

Noruega, 2009/2010

 

Um blog que regista as experiências de uma assistente Comenius:

http://my-assistanship-diary.blogspot.com/2009_08_17_archive.html

 

A experiência foi super positiva, aprendi imenso nesta escola em muitos aspectos - culturais, escolares, pessoais.


As partes mais complicadas foram: o facto de a bolsa ser muito pequena, mesmo para o básico/essencial, a língua e o Inverno. Passei aqui o pior Inverno que Oslo viu nos últimos anos, com temperaturas de -20º durante 2 ou 3 meses seguidos e garanto que não é fácil!

 

Em termos humanos, na escola fui muito bem recebida e tratada e tive sempre liberdade para dar opiniões, partilhar ideias e ser tratada não como "a estagiária", mas como uma colega, ainda que por vezes me sentisse meia perdida e só por não perceber a língua. A directora da escola tem uma política de porta aberta (muito comum por cá) e sempre que precisava de alguma coisa bastava dirigir-me ao seu gabinete e perguntar se podíamos conversar.


Deram-me espaço e oportunidade para falar da minha cultura e do meu país e caso quisesse podia também ensinar português. Não havia luso-descendentes na escola, mas havia pelo menos uma menina brasileira com quem falava português de vez em quando.


As grandes diferenças do ensino primário cá para Portugal são o vasto currículo e a vida ao ar livre. As crianças a partir da segunda classe têm 8 disciplinas - Norueguês, Matemática, Inglês, Educação física, Artes e trabalhos manuais, Música, Religiões e filosofias, e Estudos do meio - e aulas ao ar livre (na floresta ou noutros lados) que são obrigatórias, independentemente das condições atmosféricas. Ninguém fica retido num ano, apesar de algumas crianças terem mais dificuldades do que outras, mas nos casos mais complicados há um acompanhamento individual da(s) criança(s) em horário escolar. A presença dos pais nas reuniões é quase sempre na ordem dos 90%, 100% e há um esforço grande de colaboração entre a escola e os pais.

 

Como gostei da experiência, decidi ficar, manifestei essa vontade à directora e assim cá continuo!

 

 

 

Paulo Oliveira

Itália, 2006/2007

 

5 de Janeiro de 2007 – A partida para mais uma aventura!

 

Um par de semanas antes de terminar o meu período de mobilidade Erasmus (fins de Janeiro de 2006) e voltar para Portugal efectuei a candidatura ao programa Comenius. Mais uma vez a Drª Carla Augusto deu-me todo o apoio necessário, mesmo estando no limite do prazo e eu ainda estar na Alemanha na altura. “Sim, claro!” foi o exprimir de uma disponibilidade que se tem revelado interminável ao longo dos anos e à qual estou grato.

 

Devo admitir que o intuito da candidatura foi o de perpetuar ou, pelo menos, prolongar aquela experiência na Alemanha – uma aspiração natural e legítima de qualquer Erasmus cessante.

 

A viagem de ida foi como uma sucessão de etapas do Dakar… A senhora da Agência Nacional riu às gargalhadas quando lhe dei o orçamento do vôo mais barato (Porto-Roma-Cagliari) e como na altura ainda não havia tantas ligações low-cost tive de encontrar alternativas mais económicas: Porto-Vigo (comboio), Vigo-Santiago de Compostela (carro), Santiago de Compostela-Roma (avião), Roma-Civitavecchia (comboio), Civitavecchia-Olbia (barco), Olbia-Cagliari (comboio).

 

Após horas intermináveis cheguei finalmente à estação de Cagliari. A minha orientadora estava à minha espera e levou-me a almoçar a sua casa. Uma refeição tipicamente italiana de boas-vindas. Ao início o contacto foi em Inglês, mas com um curso na universidade, ajuda da orientadora, restantes docentes e dos alunos fez com que eventualmente aprendesse não só o Italiano como algumas palavras e expressões de Sardo.

 

Numa escola intimida ser o centro das atenções, seja como aluno ou como professor e entrar com o ano lectivo já em curso não ajuda. No entanto, o que encontrei foi gente disposta a fazer o máximo para ajudar à minha integração, para assegurar o meu bem-estar, gente orgulhosa das suas tradições e da sua história e com muita vontade de a transmitir e fazer conhecer.

No total tive doze turmas, quase todas de Inglês, mas também um par de Alemão para além do curso de Língua e Cultura Portuguesa que leccionei. Os meus alunos mais novos tinham entre 13-14 anos e os da 5ª (que seria equivalente a um nosso possível 13º ano) à partida teriam 19 anos, se bem alguns fossem até mais velhos do que eu.

 

Aprendi bastante sobre como funciona uma escola, sobre o “lado de lá”, sobre o que significa ser professor, as dificuldades e os obstáculos, mas também as alegrias e as gratificações que daí podem advir. Como em todo lado há alunos problemáticos e há alunos mais fáceis, mas cada um deixa a sua marca pessoal e alguns são inesquecíveis. Aprendi também que, apesar de ter sido uma experiência bastante positiva, aquela não é a vida que quero para mim. Não há que ter qualquer constrangimento, inibição ou vergonha de dizê-lo. Às vezes na vida é mais importante perceber o que não queremos do que tentar à força descobrir o que se quer.

 

Tive a possibilidade de participar em vários projectos, incluindo uma visita de estudo a Londres. Tive também a oportunidade de testemunhar como nas escolas italianas tentam levar a integração das crianças e jovens portadores de deficiência ao limite ao ponto de ter numa sala de aula juntamente com a turma uma aluna numa cama com direito a, pelo menos, uma professora do ensino especial em permanência. Foi algo que me chocou, mas que tentei entender e consigo ver os prós e os contras.

 

Mais uma vez tive de partir. Desta feita deixei para trás uma ilha mediterrânica de grande beleza, de praias de areia branca e água turquesa. Deixei para trás a minha casa da qual via o mar e onde o sol brilhava quase sempre. Deixei para trás a verdadeira pizza, o melhor gelado do mundo. Deixei para trás pessoas inexcedíveis na forma de acolher. Deixei para trás mais uma mão cheia de alunos Erasmus que acabei por conhecer. Deixei para trás uma nova família. E mais uma vez levei a mala e a alma cheias e no meio do Mediterrâneo deixei um pedaço de mim enquanto partia em direcção a uma nova aventura…


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