Erasmus+: Estudos (FLUP)] Testemunhos

Testemunhos de ex-estudantes Erasmus da FLUP

 

Cátia Pereira

Barcelona (Espanha)

Descrever uma experiência Erasmus é sempre algo complicado devido à complexidade e à intensidade das coisas que se vive.

 

Dia 31 de Agosto parti à aventura para uma das experiências mais significativas da minha vida: a Experiência ERASMUS!!!

Barcelona esperava por mim, e eu esperava encontrá-la. As expectativas eram muitas e os receios também. Ao início foi complicado a mudança de cidade, a procura de casa, habituar-me a uma cidade enorme e bilingue. Enfim, as complicações que a maioria dos Erasmus sente nas primeiras semanas, é a adaptação!

Em termos culturais e pessoais a experiência foi muito enriquecedora. Estava a descobrir uma cidade fantástica, uma quantidade enorme de culturas diferentes, uma cidade artística e histórica. Era tudo o que tinha imaginado e muito mais. Tinha encontrado a verdadeira metrópole envolvida numa aura de fantástico e histórico: a cidade do Mestre Gaudí.

A nível académico a surpresa também foi muito positiva. Os métodos de ensino e aprendizagem eram diferentes de cá. As aulas eram mais dinâmicas e os professores mais descontraídos e mais próximos dos alunos, mas exigentes na mesma.

Em suma, posso dizer que valeu a pena! Já dizia o nosso poeta Fernando Pessoa: “Valeu a pena? Tudo vale a pena. Se a alma não é pequena.

Um conselho: Erasmus é uma experiência a não perder! Arrisquem!

 

 

Juliana Patrícia da Silva Tomé

Roma (Itália)

O meu nome é Juliana Patrícia da Silva Tomé, fui aluna de mobilidade quando estava no 3.º ano do curso de Sociologia, durante 5 meses, na Facoltà di Sociologia, da Università degli Studi di Roma – La Sapienza.

Escrever sobre a magnitude desta experiência é um pouco complicado, não há como vivê-la. Costumo dizer que entre os milhões de alunos, que ao longo dos anos, fizeram um período de mobilidade integrados neste programa, independentemente da nacionalidade e do lugar onde a fizeram, eles têm sempre algo em comum. SÃO ERAMUS.

Retrospectivando, só me apetece falar dos momentos maravilhosos que vivi, mas aviso desde já que qualquer experiência só se torna realmente completa, quando passamos momentos menos bons de adaptação e questionamento. Aliás, estes momentos são o tempero, que nos ajudam a transportar no coração os momentos mais positivos. Não queria dar um toque demasiado pessoal a este testemunho, mas todas as minhas palavras sobre este período, estão de certo modo condicionadas pelas minhas características individuais. A um ano de distância, posso dizer que, quando cheguei a Roma, era demasiado tímida e que se não pensava duas vezes antes de ler um livro, pensava muitas vezes antes de me divertir e de me arriscar à aventura. O espírito Erasmus transporta consigo todas estas últimas dimensões. As primeiras semanas foram assim de adaptação pessoal a este novo mundo. Escrevo sobre elas com um lágrima no canto do olho, porque foi este momento de descoberta pessoal, que mais guardo de todo o Erasmus.

Neste sentido, em Roma deixei um pouco de mim e um motivo para lá retornar, sempre que possível, para encontrar-me uma vez mais e deixar mais um pouco de mim. O «problema» do Eramus é que nunca se é Erasmus num único país, conhecemos pessoas de muitos países e entre nós fica uma amizade para o resto da vida. Por isso mesmo, ao fim do mês, a visita ao site de low cost é agora inevitável! Retomando um pouco o que disse no início, se o Erasmus teve uma duração no tempo específica, nunca dizemos no passado que fomos Erasmus - fomos, somos e seremos sempre Erasmus. Tal como o Erasmo original, a nossa casa não é mais Portugal, mas sim a Europa!

Sociologando agora um pouco, num contexto de dificuldades de integração profissional dos mais jovens, uma das grandes mais-valias do Erasmus, é que nos confere um sentimento de pertença europeu, que nos vai preparando para a necessidade de alargamento dos horizontes profissionais. Lembrando o lema do Porto 2001, com o Erasmus também estabelecemos «pontes para o futuro».

 

 

Inês Pires Maciel

Tampere (Finlândia)

 

A minha experiência como estudante Erasmus não podia ser mais positiva. Decidi escolher a Finlândia como país de destino um pouco pelo desafio que isso representava, por ser um ano lectivo inteiro de mobilidade e também porque dentro da Europa haverá poucos sítios onde a cultura e ambiente sejam tão diferentes de Portugal como lá. Antes da minha partida participei em sessões de preparação nas quais nos preparavam para o choque cultural que íamos sentir nos primeiros tempos... quando cheguei a Tampere esqueci tudo o que me tinham dito: em vez dos finlandeses frios e distantes de que me tinham falado, encontrei pessoas amigáveis e sempre prontas a ajudar-nos a ambientarmo-nos melhor à cidade como nunca tinha visto no meu próprio país. Claro que sendo uma estudante Erasmus a viver numa residência só com outros alunos Erasmus, acabei por conhecer bastantes mais estudantes de outros países do que propriamente finlandeses. Ao longo do ano comecer a deixar de ver Tampere como uma cidade estranha e passei a sentir-me como se fosse a minha casa, especialmente com o ambiente incrível que se vivia na residência, em que todos passámos a ser uma grande família de pessoas de todas as partes do mundo.

As festas na residência, e as viagens organizadas com os outros Erasmus, são sem dúvida a parte mais inesquecível deste ano! Conheci pessoas muito diferentes, aprendi a compreender e respeitar as diferenças de cada um, fiz amizades que vão ficar por muitos ano, e foi de facto uma experiência que me fez crescer imenso.

Erasmus também implica estudo (às vezes), e as oportunidades que tive na Universidade de Tampere a esse nível foram óptimas: para além das disciplinas de equivalência às cadeiras que tiha que fazer cá, tive a oportunidade de estudar outras línguas como Finlandês, Francês e Italiano, o que foi óptimo para efeitos de currículo e valorização pessoal. E claro, é a oportunidade ideal para quem quer subir as notas!

Mas acho que no final de contas, a parte académica não é o que mais torna a experiência Erasmus tão enriquecedora. O que conta mais é o que aprendemos fora da universidade, na convivência com pessoas de culturas diferentes, no nosso dia-a-dia a tentar ambientarmo-nos a um país tão diferente do nosso, no espírito de família que se forma entre amigos quando estamos todos longe de casa. É isso o principal que fica da minha experiência.

Só há dois aspectos que considero serem menos positivos este ano:

1.º ao voltar da Finlândia, houve imensos problemas com a questão das equivalências, e eu e a minha amiga que fez Erasmus comigo passámos uns tempos bem difíceis para tentar ultrapassar esta questão. É muito importante verificar bem as questões das equivalências e se de facto vão ter a oportunidade de fazer essas cadeiras na universidade de destino.

2.º ponto negativo, foi o fim do nosso ano em Tampere, dizer adeus à cidade e principalmente às pessoas que deixámos lá e que foram amigos e família durante um ano, sabendo que cada um vai para o seu canto da Europa e que a cidade como nós a vivemos nunca voltará a ser a mesma. No fim, restam as memórias do que foi a melhor experiência das nossas vidas, e a certeza de que não trocaríamos esta oportunidade por nada!

 

 

Eva Monteiro

Bucareste (Roménia)

O meu nome é Eva Monteiro. Fui aluna Erasmus durante um semestre (2º semestre do ano lectivo 2007/2008), no meu último ano da Licenciatura de Filosofia na FLUP. Tive uma feliz estadia na Roménia, Faculdade de Filosofia de Bucareste.

Quando decidi candidatar-me ao Programa Erasmus, nunca pensei que as consequências para a minha vida pessoal e profissional seriam tão visíveis e profundas. A verdade é que esse período foi decisivo na minha vivência como estudante e mais tarde como profissional.

Não sei bem, ainda hoje, como fui parar ao outro lado da Europa. Segui uma sugestão de um professor, e quando dei por mim, estava no Aeroporto de Baneasa, pronta para uma aventura de cinco meses. O impacto foi tremendo. A cidade, em Fevereiro, estava alva de neve, e notava-se quase de imediato o ambiente do Leste europeu. Bucareste pareceu-me cinzenta e triste. Havia cães na rua, juntamente com lama, gelo, e autocarros decrépitos. As casas, ou melhor, os infindáveis blocos comunistas eram todos iguais, escuros, estranhos. Não havia outra cor senão branco e cinza.

Fiquei hospedada, juntamente com a minha colega e companheira de aventuras, no apartamento da Georgia, que tinha sido aluna Erasmus na FLUP, e foi essa a nossa tábua de salvação durante duas semanas. Não foi fácil encontrar apartamento (ao que parece não disponibilizam alojamento nos Campus aos alunos de Letras), e descobrimos bem cedo que as rendas eram a despesa mais elevada para um aluno Erasmus em Bucareste. A partir daí, começaram as aventuras na Faculdade. A secretaria parecia ser o único sítio naquela cidade em que ninguém falava inglês, e não foi fácil tratar de toda a papelada. Os professores, contudo, revelaram-se especialmente acolhedores. Ainda hoje guardo com carinho na minha memória as aulas do Prof. Gheorghe, que me proporcionaram uma visão totalmente diferente da minha vida académica.

Entretanto, aos poucos, a cidade ganhou cor, os romenos mostraram finalmente a sua faceta mais amistosa. Dentro daquilo que era o caos de Bucareste, com trânsito louco, autocarros desfeitos e avenidas que nunca mais acabavam, comecei a conhecer pessoas, lugares, enfim, toda a vida da cidade. Fiz amizades neste período que nunca mais poderei esquecer, e que mantenho até hoje. Não só com outros alunos Erasmus, como colegas romenos. Tenho até saudades da senhora que me vendia o Shoarma na rua ao lado do nosso apartamento. É quase como se na ausência da nossa família e amigos, estes contactos do dia a dia com pessoas que mal nos percebem, se tornassem emocionalmente indispensáveis.

Bucareste tem museus fantásticos, esplanadas agradáveis, jardins belíssimos, restaurantes pouco dispendiosos, e uma vida nocturna louca. Lembro-me especialmente do Club A, do S.A.L.T. Club, e o famoso Bamboo. Nos casinos, come-se por uma bagatela, e no Filos (trazeiras da Faculdade de Filosofia), come-se uma pizza inesquecível, de forno a lenha. Contudo, a experiência mais inesquecível que a Roménia me proporcionou foi a festa estudantil do 1º de Maio, em Vama Veche. Certamente uma das minhas maiores aventuras, e uma das noites mais loucas que se pode viver neste país de contrastes.

Falo em contrastes porque na Roménia vi o lado mais miserável da vida europeira, lado a lado com Hummers transformados em limusines, e hotéis de luxo. No Club Bamboo, é possível ver este lado da sociedade, em que um turista entra de qualquer modo (desde que fale inglês bem alto) e um romeno fica de fora, caso não seja rico o suficiente. Contudo, em bares como o Lucky 13, ou Club Embryo, vê-se o lado mais artístico da vida nocturna de Bucareste.

Em relação ao resto do país, torna-se mais verde, mais amistoso e bem mais barato à medida que nos afastamos da capital. Ver o nascer do sol no Mar Negro é uma daquelas lembranças que guardamos sempre com carinho. Visitar o Castelo de Bram, inspiração para o famoso “Drácula” de Bram Stocker, é obrigatório, apesar de a enchente de turistas lhe retirar grande parte do encanto. Gostei especialmente de Brasov e Sinaia. De notar que os comboios são baratos, mas andam mais devagar que uma bicicleta. Tudo isso vai-se tornando parte da aventura, e as dificuldades que encontramos pelo caminho são apenas motivos de riso, e são memórias que nos ficam.

Finalmente, voltar a Portugal foi agridoce. Uma parte de mim nunca deixou Bucareste. Foi lá que vivi alguns dos momentos mais felizes e mais tristes da minha vida, e será sempre a minha segunda casa. Quando vivemos quase meio ano numa cidade, aprendemos a ser parte dela, a conhecer os seus pormenores caricatos, as suas vielas estranhas, as suas gentes, os seus costumes. Sinto acima de tudo, que trouxe um pouco de Bucareste comigo, e que isso me modificou de alguma forma. Aprendemos a encarar a vida de outra maneira, a ver os obstáculos como desafios, as dificuldades como aventuras. Acima de tudo, aprendemos que é possível adaptarmo-nos em qualquer parte do mundo, em qualquer circunstância. E se estivermos abertos à cidade, ela abre-se para nós. Desta forma, quando cheguei a Portugal, a minha visão como aluna de Filosofia era outra, amadurecida por um sistema de ensino diferente. A minha vida pessoal modificara-se tanto, que durante algum tempo, os amigos e família não me reconheciam. E uns meses mais tarde, esta experiência revelou-se fulcral para a minha vida profissional.

Quando viajamos, o inglês é o nosso latim e, apesar de ter aprendido um pouco de romeno, era esta a língua que falava diariamente. A certa altura, tornou-se quase tão natural como a minha língua materna. Mesmo assim, quando me candidatei a um emprego que exigia um nível muito avançado de inglês, nunca pensei ser seleccionada. Contudo, é nesse emprego que estou, a adorar o que faço, e com uma vida profissional que me parece cada vez mais promissora. Pode parecer coincidência, ou um feliz acaso da vida, no entanto, é garantido que uma experiência tão profunda como o Erasmus nos abre perspectivas, dá-nos aquela desenvoltura de quem tem capacidade para abrir caminho a braços, trabalhar pelos nossos objectivos, nunca desistir e acreditar nas nossas capacidades intelectuais e profissionais. Houve lágrimas e risos, momentos felizes e situações no mínimo desagradáveis. Não trocava essa experiência por nada. E dizer que a Roménia mudou a minha vida pode parecer um infeliz chavão, mas é com honestidade que o digo.

 

 

André Rolo

Wroclaw(Polónia)

Um blog que regista as experiências de um estudante de Arqueologia durante a sua mobilidade (não se esqueçam de começar nos posts em 2006!):

http://www.wroclawbyme.blogspot.com/

 

Paulo Oliveira

Colónia (Alemanha)

5 de Fevereiro de 2006 – Cinco anos passaram desde o dia em voltei da Alemanha depois de três semestres de mobilidade em Colónia. E parece que estes cinco anos passaram mais rápido do que aqueles 16 meses…

Como explicar? Como sequer tentar? Por onde começar? Há certas datas que ficam gravadas na nossa memória ad æternum – 6 de Outubro de 2004: a partida! Éramos três os que partimos do aeroporto de Lisboa em direcção ao aeroporto de Colónia/Bona depois da viagem de carro de cada um com  a respectiva família desde o Porto e depois de despedidas mais ou menos chorosas.

A descolagem foi talvez a verdadeira materialização de um processo que começou vários meses antes com uma candidatura, alguma burocracia e muitas expectativas.

A adaptação não foi fácil. Afinal de contas, era a primeira vez que ia viver noutro país e a realidade é sempre muito mais do que se pode jamais imaginar. Era suposto ficar dois semestres e acabei por ficar três. Como? Freemover! – Aluno convidado e sem direito a bolsa. Mas o mais importante era poder prolongar o período que se tornaria o mais intenso de uma vida até ao momento em que escrevo estas linhas, um período inesquecível com altos e baixos que deixou saudades – mais que muitas -  e o bichinho da mobilidade.

O meu Erasmus foi único e, no entanto, tão semelhante aos demais. Coisas que só eu vivi e experienciei e das quais apenas consigo transmitir a forma e dificilmente o conteúdo, mas que podem ser entendidas com um olhar e duas palavras entre pessoas que tiveram a felicidade de serem também Erasmus.

Não é tudo um mar de rosas, mas os benefícios são inúmeros e incomensuráveis e ultrapassam os inconvenientes deixando-os a anos-luz!

A adaptação a sistemas diferentes seja na universidade ou no supermercado ou nos transportes, a adaptação e aprendizagem de uma nova língua, a adaptação a outro clima, a adaptação a uma mentalidade diferente, a uma perspectiva diversa e a outra forma de fazer as coisas, a adaptação à alimentação, à forma de vestir e muito mais fazem de cada dia uma aventura e uma odisseia de descobertas e enriquecimento pessoal e cultural.

As festas? Sim, as festas… Também as há e ainda bem! É nas festas que se conhece a maior parte dos outros Erasmus e alunos de mobilidade e consequentemente há um intercâmbio cultural  que resulta em conhecimentos, amizades que perduram, amores e desamores…

Independentemente da duração do período de mobilidade a verdade é que será inesquecível, incomparável, irrepetível! Deixa cá dentro uma marca indelével, uma divisão que resulta na pertença a dois mundos paralelos e uma sensação de pluridade. Aconselho todos os futuros Erasmus a verem o filme L’Auberge EspagnoleA Residência Espanhola ou antes da partida (para terem uma ideia do que vos espera) ou no fim. Eu vi o filme na véspera do meu regresso e a identificação com quase todos os sentimentos foi reconfortante pois vi-me naquele ecrã e percebi que não era o único num estado para o qual nenhum guia Erasmus nos prepara: algo a que chamo de PED – Post-Erasmus Depression. Mas que isto não vos assuste! Dói, mas só dói porque a causa foi tão boa e valeu a pena!

Se tivesse que escolher faria tudo outra vez da mesma forma! E se pudesse ser outra vez Erasmus, sê-lo-ia! Mas Erasmus (Estudos) só se pode ser uma vez, por isso vos sugiro, aconselho, imploro que não deixem passar esta oportunidade, pois será uma das melhores decisões que tomarão em toda a vossa vida!

 

Mariana Leite

Paris (França)
Ser Erasmus? Hum, não sei...mas de certeza que ser Erasmus em Paris durante 9 meses – 10, na verdade... – é muito diferente de ser um filósofo holandês do século XVI! Paris começa por ser uma balbúrdia de linhas e túneis de metro, mais ou menos sujas e malcheirosas, com milhões de pessoas dos 4 cantinhos do planeta...e acaba em pequenos prazeres que se tornam essenciais, como comer crepes de nutella com banana sentada num cais, saltar a vedação do metro porque não temos bilhete (eheheh!), ir comprar comes e bebes a uma mercearia de um argelino para fazer uma festa às 2 da manhã, ficar com a cabeça torcida por causa de tanta burocracia...

Cheguei a Paris numa tarde de Setembro e desancorei quase em Agosto: assentei arraiais na Cité Internationale Universitaire de Paris (yey!), ou seja, num parque verde e lindo e multicultural no centro do 14ème, Paris City! A partir desta base de ataque, lancei-me à aventura que é (e ficará como tal para sempre) descobrir Paris!

Grandes coisas que tenha descoberto e sentido? Grandes coisas, talvez a amizade, a independência e a abertura de espírito que se sente em Paris! Pequenas coisas, foi tudo, todos os detalhes de cada dia – o supermercado chinês, a mercearia do árabe, ir para a faculdade, responder “merci” e “desolée” ou “pardon”...

Se me perguntarem em 3 parágrafos o que é ser Erasmus, sinceramente, não sei. Poderia falar de museus, do pôr-do-sol sobre o Sena, do nascer do sol sobre o Sena, dos monumentos, de poder caminhar incessantemente durante horas a fio sem me cansar nem deixar de descobrir coisas novas...e depois, tudo correu tão depressa...creio que foi um ano de crescer, e agora mais nenhum ano da minha vida será tão longo e intenso. Nunca mais nenhum ano será como o original!

Demorei tanto tempo a escrever o meu testemunho porque desde já aviso que custa, custa mesmo muito falar de coisas tão boas e irrepetíveis como é ir em Erasmus...mas quer o regresso custe, quer não, vão. Vale mesmo a pena ir, é uma etapa imperdível e indispensável na vida de qualquer um!

 

 

Marta Ambrósio

Nottingham (Reino Unido)

Durante o ano lectivo que estive em Nottingham, Inglaterra. O programa Erasmus possibilitou-me esta experiência única e inesquecível.

A razão pela qual escolhi fazer Erasmus numa cidade inglesa foi o facto de ser estudante de LLM, variante de estudos portugueses e ingleses. Tinha, por isso, como primeiro objectivo aperfeiçoar o meu conhecimento da língua inglesa, bem como interagir com a comunidade nativa. No entanto, tenho que admitir que a integração na comunidade inglesa é extremamente difícil, pelo que algumas das minhas expectativas não se realizaram. No entanto, o uso da língua inglesa foi obrigatório no dia-a-dia, pelo que penso ter evoluído significativamente no domínio da língua.

O facto de a interacção com os nativos ingleses não ser fácil não foi, de modo algum, desinteressante. A oportunidade única de poder viver e estudar num país estrangeiro é extremamente enriquecedora tanto a nível académico como a nível humano. Em Nottingham conheci pessoas muitíssimo interessantes das mais variadas nacionalidades. A minha estadia em Inglaterra permitiu-me também viajar pelo país, ficando a conhecer as cidades mais carismáticas de Inglaterra.

A cidade de Robin Hood é agradável, e o único senão é o facto de ser extremamente perigosa. Mas com as devidas precauções que um estudante estrangeiro deve tomar tudo pode correr pelo melhor.

Globalmente, penso que este período de Erasmus foi positivo. De Inglaterra trouxe recordações fantásticas que nunca mais irei esquecer. Tenho a certeza que esta experiência ajudou a moldar a minha personalidade, bem como a forma como vejo o outro e o mundo. Aconselho vivamente todos os alunos a participarem no projecto Erasmus.


 

Sónia Marques

Viena (Áustria)

"O meu nome é Sónia Cristina Martins Marques, e estudo na Flup, onde tiro o curso de L.L.M. variante de estudos portugueses e alemães.

Foi-me pedido que falasse um pouco da minha experiência como aluna de Erasmus. E, é com muito gosto que vos falo dessa experiência tão enriquecedora, que decorreu no 1º semestre do ano 2003/2004, em Viena, capital da Áustria. Pois bem, eu estudei na Universidade de Viena durante quatro meses, os quatro meses mais marcantes da minha vida: pela positiva e pela negativa. Pela positiva porque tive a oportunidade (acho que única!) de viver numa cidade lindíssima, uma cidade que sempre me fascinou, pelas paisagens, pelo clima frio, e ao mesmo tempo tão quente, pelo ritmo que nela decorre…

Em Viena tive o meu primeiro contacto com a neve, mesmo pela altura do Natal, um Natal tão diferente! Primeiro porque o passei longe de casa e das pessoas que amo, e segundo porque, apesar da minha mãe e a mãe da Ana, uma das minhas colegas de quarto, nos terem enviado o bacalhau e todos os doces portugueses pelo correio, parecia que nos faltava tudo: e talvez nos faltasse apenas a nossa família… Em Viena tive a oportunidade de travar conhecimento com as mais diferentes pessoas, das mais diversas nacionalidades: desde turcos, a romenos, italianos, brasileiros, e até os nossos vizinhos espanhóis. E, claro, com os austríacos! pessoas tão diferentes de nós, mas também muito simpáticos, à sua maneira.

É claro que a minha vida mudou desde essa minha experiência: sinto que enriqueci culturalmente pelo contacto com tantas pessoas diferentes; sinto que fiquei mais forte e independente; e que mudei na maneira de olhar o mundo…

E, por muitas razões deixo aqui o meu testemunho, de modo a tentar incentivar mais alunos a participar no programa Erasmus, talvez mesmo a concorrer para Viena, uma cidade que me deixou marcas profundas, uma cidade de que hoje sinto saudade… Nela conheci professore menos bons, e professores fantásticos! É o caso do professor Dinis e da professora Dora Cruz, com quem ainda hoje mantenho contacto, e em quem encontrei um amiga!

Mas falta ainda falar de uma das consequências positivas dessa minha experiência: as boas notas! É claro que tive de me esforçar bastante, mas valeu a pena! Como o nosso famoso poeta diz: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena!”

Teria milhões de coisas para vos falar, mas acho que as imagens falam por si, e por isso deixo-vos aqui algumas fotos, que mostram um pouco da cidade, e da riquíssima experiência que o Programa Erasmus me proporcionou.”

 

 

Sónia Rossa

Bordéus (França)

"Experiência enquanto alunos de mobilidade"??? Não sei por onde começar...

"Descrever a minha experiência, descrever a cultura ERASMUS na 1ª pessoa, na sua totalidade é praticamente impossível. Tudo o que se diga, ilustre ou escreva fica muito aquém da sua verdadeira essência mas comecemos por algo - pela cidade: Bordéus!

Bordéus prima pela diferença, pelo cosmopolitismo, pela história, pela mistura de culturas, raças, gostos, pela gastronomia (e que gastronomia!), pelas ruas e ruelas, calçadas, igrejas e castelos, vinho, queijo e baguetes, praias e rio, museus, teatros e cinemas doutra dimensão, pessoas e, claro, estudantes que dão vida a esta cidade! Achei-a um pouco parecida com o Porto daí que se diga que esta é uma das cinco cidades geminadas de Bordéus e talvez por isso me tenha sentido em casa!

 

[...] No início é difícil a adaptação (mais para uns do que para outros) mas com muito espírito positivo/aberto, sentido de aventura, sorriso nos lábios e vontade de conhecer tudo e todos, divulgando ao mesmo tempo o nosso país, cultura, hábitos, etc., lá nos vamos integrando e sentindo finalmente a verdadeira Cultura ERASMUS! Grande responsabilidade esta de sermos os embaixadores temporários de Portugal mas ao mesmo tempo torna-se uma doce missão! Lembrem-se que partir é morrer um pouco mas é o regresso que faz amar o adeus!

[...] O aspecto social é o rei dos Erasmus! Todos nos conhecíamos, de vista, de festas, de olhares e rótulos Erasmus, de aventuras e desventuras. No meu caso formou-se um grupo que para mim foi o melhor e mais engraçado! O tempo deixou de existir, os horários fixos também e planear algo era quase brincadeira. Encaixámos todos muito bem – portuguesa, espanhóis, alemães, franceses, africanos, americanos, entre outros. A língua por vezes era marciana mas um olhar/sorriso bastava para nos entendermos. Quando nem assim lá vinham os dicionários de várias cores e feitios. Passeámos, passámos tardes a debater assuntos de índole internacional à nossa maneira – económicos, sociais e políticos e outros – descobrimos, aprendemos, falámos, viajámos sempre que havia dinheiro (sim, pois a bolsa não é muita e o dinheiro não abundava por aquelas bandas!) e tempo, experimentámos novos sabores internacionais, crescemos, partilhámos, festejámos, brindámos à vida, ao Programa Erasmus, a nós, a vós e a tudo mais. Sonhámos, misturámos seres e pareceres, rimos e sorrimos e o resultado foi uma dança de cores colectiva e memorável. Foi realmente inesquecível e o melhor é que ainda continuamos com os contactos e planeamos novas viagens ao sabor do vento!

 

[...] Não sei o que mais dizer. É aqui que as palavras se mostram pobres/fracas para um papel tão grande e importante: dar corpo a acções e sensações, dar voz a sentimentos e recordações, ... não é fácil.

 

Um conselho? Vão! É uma experiência única e devia fazer parte dos currículos universitários de cada jovem mas o melhor é verem, sentirem e estarem in loco e depois falamos! Boa sorte!"

 

 

Joana Gusmão

Glasgow (Reino Unido)

The longest way round is the shortest way home. James Joyce, Ulisses

PORTO... GLASGOW... As imagens da minha viagem diluem-se agora num misto de ficção e realidade. Durante quase um ano, vivi na cidade de Glasgow, Escócia, e foi como se nunca tivesse vivido em qualquer outro lugar. Na obscuridade de um país cinzento, encontrei uma caixa cheia de luz, cheia de possibilidades, de afectos e de aprendizagem.

A minha viagem começou por ser terrível. Atrasos no voo, trocas de avião e polícias por toda a parte... pós 11 de Setembro, o mundo andava assustado e eu também. Assim que aterro, apanho um táxi, o taxista falava uma língua estranha, mais tarde descubro que aquela nova língua era inglês, ou antes, scots, um dialecto muito específico desta parte da ilha.  Para quem ainda não viu o Trainspotting sem legendas, convido-o a uma maravilhosa expedição linguística.

Passamos à fase seguinte, retiramos o choque inicial, alguma chuva irritante, e o resultado é, um ano Erasmus absolutamente fantástico. Desse ano, fizeram parte a Verena, romena, a Assela, espanhola, o Malcom e o John, ambos escoceses, o Eric e o Jean, franceses. Alguns amigos que me ajudaram a perceber o verdadeiro conceito de diversidade. Tenho saudades deles, talvez seja o que mais custe, ao deixarmos uma realidade temporária, que passou a tornar-se irreversível nas nossas vidas.

Quero falar das Highlands, da paisagem natural da Escócia, de uma beleza silenciosa e enigmática. E também da vida urbana, dos pubs, os novos templos da sociedade escocesa. Os escoceses riem alto quando saem do trabalho às quatro da tarde e se dirigem para estes templos, bebendo o cálice, a salvação pelo riso, a negação do tédio que o tempo imprime. E de como a música, minimalista e ternamente sombria, me seduziu. A importância de bandas como Arab Strap ou Belle and Sebastian, oriundas de Glasgow, na minha descoberta desta cultura sub-entendida. Para além da música, é de notar a qualidade e inovação do novo teatro escocês. Falta-me a Universidade, fundada em 1451, lindíssima e imponente, mudou a minha perspectiva de sistema académico e foi fundamental para a minha formação. Especial referência à grande comunicação que existe entre alunos e professores.

Já não me restam muitas palavras, só imagens que não tenho a certeza de conseguir transmitir. Viajem muito, abram a mente, entreguem o coração a tudo."

 

 

Adelaide Torres

Bayreuth (Alemanha)

"Eu, Adelaide Torres fui para a cidade de Bayreuth na Alemanha fazer o meu 2º ano do curso de Inglês - Alemão da Universidade do Porto. O tempo que passei na Alemanha nesta universidade foi o melhor da minha vida e digo isto de coração aberto e com toda a sinceridade do mundo. Cresci muito como pessoa naquele ano de mobilidade, aprendi que nem todos somos iguais e que devemos respeitar tudo o que nos diferencia dos outros para sermos respeitados.

Hoje sou uma pessoa melhor...com mais garra para a vida, com mais vontade de vencer, e vontade mais ainda de voltar a Bayreuth para rever muitas gente. Não foram só alemães que conheci mas também foram espanhóis, russos, checos, ingleses, gente que na mesma situação que eu, partilhou medos, alegrias, tristezas e a saudade... A saudade existiu mas muito vaga porque realmente encontra-se uma família lá, um ombro amigo quando tens um problema por pequeno que seja, pode essa pessoa não entender bem o que se passa, mas a linguagem dos sentimentos é universal. Realmente eu estou a falar mais acentuadamente da vantagem no ponto de vista humano, mas a realidade é essa. Eu não fui só estudar claro, também me diverti, também trabalhei. É fácil encontrar um trabalho em part-time em Bayreuth, basta ter iniciativa e vontade, para além do que tens tempo para trabalhar, o que não acontece na Universidade do Porto devido à sobrecarga do horário.

 

Em Bayreuth há imensos espaços verdes... pouca poluição, é daquelas cidades que parecem tiradas de uma história para crianças, as pessoas são extremamente simpáticas assim como todo o pessoal da universidade. O que dá mais trabalho é mesmo o estudo e as disciplinas pois são extremamente rigorosos nas notas e trabalhos. Tens mesmo de te aplicar mas vale sempre a pena! Bayreuth tem uma das melhores cantinas da Alemanha portanto não vais ter problemas com a comida de certeza. Nesta cidade podes exercer também muita actividade física ou no "Sport Institut" ou mesmo numa academia de ginástica da cidade. Quanto a museus, tens muita escolha...afinal é a cidade de Wagner! A minha única pena é mesmo não poder fazer um ano mais em Bayreuth pois seria excelente e deveras gratificante... mas esta ano já me ajudou muito a melhorar a língua alemã mas também a crescer como pessoa. Por isso vou lá voltar!

Se alguém quiser ir para Bayreuth só espero que saiba dar e receber pois é essa a essência da vida...só terás amizade se a deres, isso é fundamental para os alemães!"

 

 

Carla Lopes

Vigo (Espanha)

Eu chamo-me Carla Fernanda Celas Lopes e sou aluna do curso de Línguas e Literaturas Modernas, variante Estudos Portugueses, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. No ano académico 2001/2002, o meu 4.º ano curricular, fui aluna de mobilidade por um período de 9 meses na Faculdade de Filoloxía y Traducción da Universidade de Vigo.

Esta experiência teve mais pontos positivos do que negativos. De início, o plano de estudos de equivalência não era conhecido na totalidade pelas duas universidades. Esta terá sido a única coisa menos positiva, já que se denota pouca actualização dos planos e das respectivas equivalências. Mas a minha experiência é a prova de que com persistência e boa vontade tudo se consegue, até porque os benefícios são mútuos e válidos quer para alunos quer para as próprias instituições. E, ultrapassado este pequeno obstáculo, só tenho pontos positivos a apontar. Mantive contacto com a FLUP através da Dra. Carla Augusto, secretária Sócrates/Erasmus, que sempre me ajudou e tratou de toda a burocracia. Na Universidade Parceira (Vigo), a integração foi fácil, já que o acolhimento feito pelos responsáveis das Relações Internacionais foi constante: desde reuniões de apresentação, festa de boas-vindas, Curso de Espanhol para estrangeiros, tudo misturado com a simpatia de um povo que fui descobrindo.

E esta será outra vantagem da mobilidade: a adaptação a uma nova cultura de hábitos diferentes dos nossos. Com a mobilidade aprendi muitas coisas que na teoria levaria mais tempo a aprender. Foi um constante descobrir, aprender, desenvolver uma segunda língua quase na perfeição e alargar horizontes de memória e de futuro. Obrigada à Universidade do Porto e incentivem esta e outras experiências deste tipo."

 

 

Isabel Remelgado

Salford (Reino Unido)

"A mobilidade ERASMUS foi muito positiva pessoal e profissionalmente. O mais importante foi conhecer a cultura por detrás da língua que já estudava há 13 anos. A recepção por parte da universidade anfitriã foi muito boa e superou as minhas expectativas. [No geral], o saldo é positivo e a experiência muito enriquecedora."

 

 

Sónia Campos

Leipzig (Alemanha)

"Confesso que me foi bastante difícil de início, (as primeiras semanas), e toda a adaptação ao país e todos os que me rodeavam, mas o que foi particularmente difícil foi estar longe de casa... Em relação ao processo curricular tudo correu mais ou menos como esperava, apesar de início não ter sido muito bem orientada pelas entidades responsáveis à chegada. Mas acabou por tudo correr bem, uma vez que consegui frequentar todas as cadeiras que pretendia e obtive todas as equivalências que pretendia. Por parte da UP tive todo o apoio que precisei, o qual agradeço profundamente.

Foi uma experiência incrível, que me ensinou muitas coisas, não apenas académicas mas também pessoais. Aconselho todos os que tiverem a oportunidade de se tornarem estudantes Erasmus de o fazerem, porque vale muito a pena."

 

 

Teresa Castro

Berlim (Alemanha)

"Foi uma experiência muito agradável, que me fez crescer como pessoa e como estudante. Incito todos os alunos a fazerem Erasmus no estrangeiro porque é a única forma de conhecer verdadeiramente outras línguas e outras culturas."

 

 

Ana Filipa Ribeiro

Osnabrück (Alemanha)

"A minha avaliação da experiência ERASMUS é largamente positiva. Penso que é relativamente consensual que esta é uma oportunidade única e que oferece aos estudantes óptimas possibilidades a vários níveis."

 

Jaime Monteiro

Bruxelas (Bélgica)

Berlim (Alemanha)

"Durante a minha licenciatura na FLUP (Estudos Europeus, 1997/2001) fui "Erasmus" duas vezes. A primeira foi na Université Libre de Bruxelles (1998/1999), cidade onde vivo actualmente, a segunda na Freie Universität Berlin (1999/2000). Para além da vertente académica, das línguas que se tem a oportunidade de aprender e de outras vantagens a nível profissional, eu diria que o Erasmus conta sobretudo como experiência de vida.

 

As consequências do Erasmus na minha vida pessoal foram enormes. Depois da experiência, acabei por voltar para a Bélgica e estabelecer-me aqui; também a nossa identidade muda um pouco (ou muito) - sinto-me hoje muito mais "europeu" do que português; a percepção do nosso país e cultura alteram-se e aprendemos a valorizar aspectos nos quais nunca tínhamos reparado; outras facetas do nosso país que já antes não apreciávamos tornam-se insuportáveis; ganham-se amizades com pessoas de todas as partes da Europa e do mundo e descobre-se que há mais coisas em comum do que diferenças.

[...] O Erasmus é um exemplo único de construção europeia, ao promover a mobilidade dos jovens e o encontro de ideias."

 

 

 

 

 

 


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